Complexo do Café no Juruá é testado para ser inaugurado em maio

  • 29/04/2025

Complexo do Café no Juruá é testado para ser inaugurado em maio
Por Sandra Assunção / Ac24horas 

Mâncio Lima, o município do Vale do Juruá, onde a mandioca reinava única, há sete anos, ganhou um fôlego a mais na economia com a diversificação da agricultura e o surgimento e fortalecimento da cafeicultura. A cidade foi contemplada pelo Governo Federal com o Complexo Industrial do Café.

Estão sendo testados para a inauguração, prevista para maio, todos os equipamentos do Complexo. A ação coincide com a safra do café dos produtores locais, que já está sendo industrializado no local, nesta fase de testagem, por especialistas da fabricante das máquinas.

O Complexo é o primeiro equipamento público de industrialização de café no Acre. Conta com secadores, descascadores, peneiras e elevadores. A obra foi iniciada em 27 de janeiro de 2024, com investimento do governo federal, por meio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), de cerca de R$ 10 milhões, com contrapartida da Coopercafé, de R$1,8 milhão.

No local é feita a secagem, beneficiamento e rebeneficiamento dos grãos. O processo que antes levava até 15 dias, feito de forma artesanal, no quintal da casa dos agricultores, é feito agora nas máquinas. Em 36 horas, o agricultor já tem café no ponto de venda.

Orlenilson José Viana, da comunidade Belo Monte, que está na quinta colheita, destaca a diferença que ele sente na pele.

“A diferença é que eu tinha que colher o café, levar para o terreiro, secar ao pleno sol e isso demora até 15 dias. Com o complexo, a gente colhe o café, traz direto para cá e ele é seco em até 36 horas. Então, a gente consegue ganhar um tempo e consegue ter mais economia de recursos porque o complexo fica mais barato para a gente. E aqui a gente consegue um café de qualidade, um café especial porque aqui se trabalha com fogo indireto, vai secando aos poucos e com isso, não perde a qualidade”, relata.

A diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, destaca o benefício econômico garantido pela indústria. “O Complexo melhora a economia da região, de todo o Juruá, consequentemente melhora a economia do Acre, melhora a vida das famílias. Antes, a não ser aqueles que têm o seu empreendimento particular, eles sabiam, iam plantar, mas não sabiam o que fazer com o café deles. A maioria plantava e saía aí pagando caro para um e outro particular para poder beneficiar o café. Agora, quem quiser vai poder beneficiar o café aqui”, pontua.

A Coopercafé vai administrar o Complexo. Os 172 cooperados pagam 5% do serviço do complexo com café. Os não associados pagam 10%.

“Esse complexo está dando a segurança para o produtor vir para a cultura do café. Ele sabe que não vai plantar um produto e daqui a dois anos vai ter que cortar para jogar fora porque não tem venda. A CooperCafé veio para ajudar a organizar essa cadeia e a ABDI foi a bênção para nossas vidas e investiu quase 10 milhões aqui. O Complexo está funcionando a todo vapor, com todos os 11 secadores, máquina fazendo o rebeneficiamento, então, é só alegria”, cita o presidente da Coopercafé, Jonas lima, destacando que estrutura como a de Mâncio Lima, só existe em outros três estados do Brasil.

“O governo federal entendeu que o Acre faz parte do Brasil. Nós estamos no Acre, pedacinho do Acre e Indústria de café desse porte aqui só tem em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo”, destaca.

A indústria funciona a partir de 300 painéis de energia solar, garantindo sustentabilidade para o empreendimento.

Café tradicional e gourmet

No Complexo de Mâncio Lima, de acordo com Eduardo Tosta, da ABDI, é possível produzir café tradicional e o gourmet. “Se você quer fazer um café gourmetizado padrão exportação, ele passa pra uma outra área chamada parte de rebeneficiamento, onde é possível passar por dois processos que vão dar mais qualidade ao café. O café tradicional, o beneficiamento demora 36 horas para secagem, ele faz o descascamento, a partir daí ele vai ser ensacado e pronto para ser comercializado no mercado local ou mesmo exportação”, conta, destacando a quebra de gargalos produtivos proporcionados pelo Complexo.

“O produtor rapidinho já está aqui com o café dele no ponto de comercializar. O projeto proporciona a quebra de gargalos produtivos. Antigamente eu tinha uma restrição de produção, eu tenho muitos produtores que tinham essa dificuldade de onde beneficiar o café dele e acaba sendo um limitador de desenvolvimento, de qualidade e de crescimento. A partir do momento que eu coloco um complexo industrial para beneficiar o café de toda a região, eu consigo empoderar o agricultor, ele tem mais capacidade produtiva, consegue dar mais qualidade e mais volume ao seu café”, aponta.

Café em Mâncio Lima

A terra da mandioca e do coco “despertou“ para a cultura do café há 7 anos. Atualmente existem 1,5 milhões de pés de cafés plantados na região pelos produtores cooperados, sendo que mais da metade dessas plantações são de pequenos e médios produtores. A previsão é de que, na safra de 2025, serão produzidas 20 mil sacas de café oriundas do projeto. Um faturamento estimado em R$ 4 milhões.

Lucro

A indústria garante segurança para quem optou pelo café como meio de renda na região onde há sete anos a mandioca reinava sozinha.

Orlenilson José Viana,conta que passou de 1 para 3 hectares a área plantada de café. Em 2024 colheu 1.200 sacos de 60 quilos e o lucro foi de cerca de R$ 100 mil. Agora quer mais. “ Este ano o movimento deve ser de R$ 400 mil bruto. Aí vem as despesas. O lucro do café é de 50 por cento”, conta ele.

Seu Luís de Souza, o Neto do Zequinha, do Ramal Pinoca, também já está usando a estrutura do Complexo nesta safra. Ele sempre plantou mandioca e cana e desde 2019, também cultiva café. De lá pra cá, conta que a vida dele e da família melhorou ele já comprou gado e fez melhorias na casa. No ano passado conseguiu R$ 80 mil e este ano tem mais café para a venda. “A minha intenção é plantar o café, se Deus quiser. O café é uma planta que muda a renda da família, ele é diferente da outra cultura. Eu tenho três hectares, e no dia que der um recurso melhor eu quero aumentar. Antes a gente tinha muito trabalho sem lucro, e hoje a gente tem trabalho, mas também tem lucro. Eu consegui já comprar umas vacas leiteiras pra ajudar na renda, estou ajeitando a casa, ajudo o filho no estudo, e tá dando mais um resultado significante. Tá dando resultado”, enfatiza, citando já ter conseguido muda de café e abudo, além de perfurador e roçadeira da Cooperativa. “ Nosso gargalo aqui é a falta de financiamento para investir por causa da burocracia. A gente não tem os documentos da terra. Quando eu tiver aí as coisas vão melhorar ainda mais”, concluiu.

Estruturas domiciliares

A presidente da ABDI, Perpétua Almeida, conta ainda que o projeto contempla os pequenos produtores que moram longe do Complexo do Café. O governo federal está construindo secadores artesanais de café em 16 propriedades de Mâncio Lima. “O projeto realmente é para não deixar ninguém de fora da cadeia produtiva do café“, concluiu.


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