Família de Cruzeiro do Sul pede ajuda da Justiça para internar pai em situação de rua e dependência química
- 18/07/2025

Em Cruzeiro do Sul, uma família vive um drama marcado pela dor e pela impotência diante da dependência química do pai, que há mais de 20 anos vive nas ruas. Aos 58 anos, Francisco Socorro perdeu o vínculo familiar e mergulhou no vício das drogas, tornando-se uma figura conhecida nas ruas da cidade.
Seus filhos têm feito reiteradas tentativas de resgate. Em pelo menos quatro ocasiões, conseguiram levá-lo ao hospital, onde ele recebeu atendimento médico e foi medicado. No entanto, todas as vezes, ao fim do processo inicial de estabilização, não houve encaminhamento efetivo para internação em uma clínica de reabilitação, o que tem impedido o início de um tratamento mais completo.
A situação de Francisco é agravada por episódios de agressividade. Segundo relatos da família, ele tem colocado em risco a própria integridade física e a de terceiros. Temendo por sua vida e pela segurança da comunidade, os filhos buscam na Justiça uma solução definitiva, solicitando a internação involuntária.
Apesar dos esforços da família junto à Defensoria Pública e ao Ministério Público, os entraves legais e a escassez de estruturas adequadas têm dificultado a aplicação de medidas mais eficazes. Isso ocorre, em parte, devido à legislação atual, que prevê apenas dois tipos de internação: a voluntária, com consentimento do dependente, e a involuntária, que exige parecer médico detalhado e decisão judicial.
O Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) tem acompanhado o caso, mas destaca que sua atuação se limita à abordagem e orientação, não possuindo autorização legal para solicitar internações compulsórias.
O defensor público Diego Luiz Sales explicou que a internação compulsória, sem respaldo médico, foi abolida com a reforma da lei antimanicomial. Hoje, para que haja uma internação involuntária, é necessário um laudo médico que ateste a urgência do tratamento. Casos com indícios de comportamento agressivo e risco à vida são, sim, considerados nas decisões judiciais, mas a tramitação pode ser lenta, mesmo diante de situações críticas.
A história de Francisco Socorro representa a de milhares de famílias brasileiras que enfrentam o ciclo destrutivo da dependência química, agravado pela falta de políticas públicas mais efetivas de acolhimento e tratamento. Enquanto a burocracia segue o seu curso, os filhos seguem em busca de esperança, lutando para salvar o pai do abandono e da morte nas ruas.
Juruá online